O que é o amor pra você? Deixe-me melhor questioná-lo: o porquê do
amor?
Hoje estive ao lado de um amigo, Daniel Muzitano, confabulando
acerca das nossas dúvidas. Conseguimos formular frases, uma conclusão, mas
nenhuma solução.
Ainda sob o som do meu violão e do gritar das crianças que
enfeitavam o lugar, nossas dúvidas só poderiam nos levar a um lugar: o nada.
Não quero me pôr na altura nem me opor à tantos outros pensadores históricos,
mas, como eles, nossa conclusão foi decepcionante. A luz no fim do túnel é
preta, não branca. Não há nada.
Nossas falhas tentativas de teorias que mudassem nossa selvageria;
nosso instinto bicho que tantas vezes aflora e apenas enaltece as falhas de uma
sociedade esteticamente eficaz e correta. Bichos pensantes que somos, não
conseguimos chegar à uma explicação correta sobre o porquê de sermos assim; ou
à uma solução que nos rapte de tantas contradições.
Você deve estar se perguntando: mas onde entra o amor nessa
história? Pois bem. Nós, seres pensantes, não como todos os humanos, sempre
tentamos desvendar esses mistérios de nossa natureza. Até os mais filósofos de
nossa espécie sempre fracassaram e enalteceram algum vício para compensar
tamanha frustração. Seja a bebida, o fumo, o sexo...
O amor entra nessa história como lugar ideal para se abrigar em
meio ao emaranhado de dúvidas no qual estamos rodeados. O amor é uma fuga. O
amor é nossa fuga.
Há, decerto, aqueles os quais nada questionam e, portanto, não
sentem tal falta de concretude na vida, de fato. E, evidentemente, é o caminho
mais curto e prático para não se preocupar e apenas "viver". Pois
bem, nós que assim não somos, e que teimosa dúvida como fiel balança de
tentativa de conhecimento, não alcançamos nossas expectativas sobre a vida;
esbarramos sempre na dúvida ou na sua direção: o nada. Nada sabemos ao certo,
somente sabemos como nos consolar nessas condições. Esse consolo tem por nome
amor. Esse é o papel do amor: confortar nosso coração e mente, angustiados pela
falta de explicação; tornar o outro seu real objetivo, de forma a fazer com
que, agora, saibamos como nos postar, o que esperar. Agora temos nossa
concretude. O amor é a fuga dos pensadores descrentes, que acham em outra
pessoa uma forma de viver na qual se visualiza um real sentido à nossa
compreensão.
Muitos diriam coisas lindas do amor, querendo afastar sua
verdadeira essência e papel; tapando o sol com uma peneira, querendo, como no
caso acima explicitado, ser alguém com poucos questionamentos e, por
conseguinte, alguém muito mais despreocupado. Respeito esse método de viver,
afinal, a maioria é. Ainda que me preocupe...
Vivendo pelo amor, por alguém que julga amar, sua vida fará
sentido. Do contrário, qual é o sentido da vida? Muitos me diriam procriar.
Porém, julgo que se fosse apenas por isso, seria preciso muito menos tempo.
Outros poderiam me dizer que tal objetivo é ser feliz. Pois bem, o que é ser
feliz? Aliás, como ser verdadeiramente feliz, se não se visualiza solução para
essa falta de respostas?
Chego à uma única solução: fujamos! Ame, viva pelo
amor de quem julgue amar; é a única maneira de se sentir realmente realizado
nessa vida sem explicação.
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