terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Máquina

Olhar e não saber
no que de fato agora está
se passando;
Olhar perdido, dedo tremido,
vontade louca de um nada.

A angústia de um eventual assassino.
Um grande desejo proibido.
Um quadro lindo na parede,
surrealista.

Grita! A cabeça.
Enquanto gira,
perdida, no labirinto
que se forma,
após todas essas certezas.

Na hora do perigo,
me apego ao concreto.
Nada que muito precise pensar,
pra não formular e me iludir.

domingo, 22 de novembro de 2015

Manual do Homem Moderno



Fortes são os que resistem a rotina.
A cada gota de esforço cego, rezo não mais aos deuses, mas aos plebeus.
Oasis não passam de pequenas poças, que alimentam sonhos rasos, rasos...
A essência se perde. Esvai-se. Como um selvagem animal criado em cativeiro.
Já eu, virei cacto.
Minhas flores, antes vivas e sorridentes, não passam agora de duros espinhos forjados pela pragmática rotina.
E nesse movimento de “sobrevivência”, já virei rota dos insetos.
Seco, sobrevivo mais que vivo e espero que a migração dos pássaros por mim passe novamente.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mais que tudo, mais consideração

Mais um ano (um corte em um tempo ininterrupto) se passa e os desejos clichês voltarão (se ainda não voltaram) a aparecer. Todos irão desejar mais felicidades, saúde, sorte e sucesso. Acontece que, tirando saúde, nada é de primária importância. Eu explico. A sorte depende de algo abstrato no qual não se pode depender, dessa forma, recomenda-se se preparar para o pior. Assim, se ela não lhe for favorável, não terás possíveis problemas “não esperados”. Sucesso e felicidade se confundem um com o outro e com o conceito de sorte. Sendo assim, são resultado de bom planejamento e sabedoria e/ou de algo abstrato que não conseguimos determinar (sorte).

Eu, pra variar um pouco, continuo na contra mão desses clichês. Não necessariamente por que são clichês, mas porque, como explicado anteriormente, não são primordiais. Nesse final de ano, após ver muitos fatos bizarros e lamentáveis, comigo e com todos os demais, desejo à você, além de saúde que é o quê há de mais precioso, mais consideração.

Muitos problemas bobos e não necessariamente “não capitais” ocorrem por pura falta de consideração. Consideração no dicionário é descrito por, além dos demais sentidos: “Reverência, apreço ou estima que se expressa por uma pessoa ou por alguma coisa; deferência”. É exatamente esse conceito que falta a grande parte das pessoas. Eu vejo essa falta de consideração se manifestando de duas formas: diz-se que irá fazer algo e não faz e deixa-se de fazer algo porque não considera-se o próximo.

Ambos os conceitos podem se misturar e fazem, dia a dia, vez por vez, uma enorme diferença na vida de uma sociedade. Seja essa o mundo, o país, o bairro, a família ou o seu relacionamento pessoal. A velha história (ressalva ortográfica pra quem aprendeu a escrever assim e dificilmente irá deixar de escrever) de ter-se mais solidariedade e zelo com o próximo. Ajudar o próximo sem ganhar nada, se pôr no lugar do outro para evitar qualquer eventual desentendimento e até mesmo para demonstrar afeto.

Há hoje uma tendência a compaixão ao próximo, que muitas vezes é o desconhecido, que é de extrema importância. Entretanto, o mesmo movimento não há em direção a quem mais se gosta. Parece que hoje em dia existe algum tipo de demérito em demonstrar interesse, afeto e consideração com quem se gosta. Como se fosse um jogo no qual demonstrar qualquer  preocupação servisse para que o indivíduo que pergunta revelasse algum tipo de fraqueza. Uma tendência cruel, na medida em que nos afasta da nossa real essência.

Há ainda aquelas preocupações cotidianas, de perguntar como foi o dia que, ainda que não seja de muita importância para quem perguntou, soa muito agradável para quem se sentiu minimamente importante. Com isso, não consigo entender o porquê de não se perguntar, então, tais simples preocupações que podem mudar o humor instantaneamente de muitos. Assim como o elogio sem qualquer tipo de interesse. Tais demonstrações de consideração são como as coisas simples da vida, fazem toda diferença ainda que muitas vezes não chamem a devida atenção.

Por isso, peço que todos nos preocupemos mais com os demais. Que tenhamos o cuidado de quando dizer que irá fazer algo, fazer de fato. Muitos acreditam e se planejam em cima do que disseste. Que consigamos abranger mais e mais pessoas, com poucas e simples palavras, tais como um bom dia na rua, uma gentileza, tudo isso somado no final faz uma enorme diferença. E o melhor: além de fazer bem para quem faz e quem recebe, é de graça.

Feliz ano novo e que parta mais de você, assim como de mim, todos os desejos dos demais.

Carinhosamente,

Danilo Rodriguez.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Maquinista!

Os ruídos de fora quase sempre soarão
Como as notas desafinadas que as cordas trazem com elas.
Desse poço vezes saem algumas gotas.
Mas elas não molham. Não matam a sede.

As frases te prometem contos;
Mas os contos precisam de mais que três palavras bonitas.
E de parecer tão simples, instantâneo,
O fruto acaba por não amadurecer.

Ser refém de si mesmo, é ser livre.
E liberdade é a sobrevivência na selva.
No mundo dos egos, já basta o seu.
Queira, mas não precise.

Tranca o trem e siga, maquinista.
Ninguém escreve o livro se não o autor.
Tua sombra já é uma enorme e exigente platéia.

Os demais olhos não completarão o que não te faltas.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Instantaneamente errados

O instantâneo, em um instante, se fez. Ele é soberano nesse mundo de fobias, que prende a respiração e trava o raciocínio. Ele é o diferencial entre algo bom e ruim. Ele é o que te prende, te rende e te rouba.

No meio de tantos órfãos, que com pai e mãe se sentem sozinhos, que não conseguem ficar minutos sem se falar, o que é instantâneo ganha uma força enorme. A qualidade é sobrepujada pela rapidez e o ciclo vira vicioso. Os textos são acorrentados ao limite de caracteres e os assuntos não fogem os ouvidos na esquina.
Telefone perde a essência, pessoas se calam e pouco se enxergam.



Por isso longas conversas, que fogem do "instantâneo", são chatas.
Por isso assuntos reflexivos são irrelevantes.
Por isso o culto ao hedonismo.
Por isso o dinheiro fala.

Os minutos se perdem, não se ganham. Eis um problema de referencial.

E se você, por um ar nostálgico ou por querer ser mais humano, tentar fugir dessas regras, intrinsecamente impostas pelo sistema, será marginalizado. Que esse medo não vos prenda. Eles não sabem o que os olhos dizem, os braços pedem e o sorriso imagina.


Obs: Aos que me acharem contraditório, além de concordar em parte com suas opiniões, gostaria de deixar claro a minha vontade e tentativa, pouco a pouco, de abandonar esse mundo virtual ou superficial. Ter consciência é o primeiro passo a se dar, e eu já o dei.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ferro enferruja. A Donzela, não.

Mais um dia de expectativas me rodeava. Motivo simples: show do Iron Maiden. Muitos consideram a melhor banda de Heavy Metal de todos os tempos ou uma das, e não é pra menos. Quase 40 anos de carreira, com muita música de qualidade, com letras vindas de temas principalmente históricos, vide o vocalista, Bruce Dickinson, ser historiador (além de aviador). O Iron iria fechar o Rock in Rio. O mesmo que em 2001 fizeram um show memorável, que gerou gravação de DVD e CD.
Como dito anteriormente, a expectativa era enorme e não foi em vão. Com um set list que remontava principalmente aos álbuns dos anos 80, tais como "The Number of the Beast" e "The Seventh Son", o Iron tacou fogo na galera, e em mim. A interação com o público, o Eddie, o show de pirotecnia e a interpretação de cada música pelo vocalista Bruce Dickinson, arrumado em cada uma delas a caráter, foram os ingredientes da mistura.
O Donzela de Ferro, diferentemente do ferro em si, parece não enferrujar. Quanto mais velha, melhor. Com mais emoção e sentimento nas suas lindíssimas melodias, levadas de guitarra, riffs, etc. O Iron Maiden consegue algo pouco comum no rock e, principalmente, no Heavy Metal: pra você gostar, curtir e ver quão longe suas letras, melodias e vozes são admiráveis, é preciso senti-las. E quando se sente a música da Donzela, na voz do mestre dos vocais, não há dúvidas de que está se vivendo um espetáculo.
Obrigado, Maiden, por mais um show inesquecível, meu segundo. Só posso desejar mais shows, mais álbuns e ter a certeza que até depois de velho, levarei suas canções, que viraram e virarão nossas, comigo e compartilharei com as gerações futuras. Por fim, UP THE IRONS.

domingo, 21 de julho de 2013

Economia e futebol

Futebol e economia são assuntos distintos, ainda que haja pontos de convergência entre esses, tais como a inflacionada dos últimos anos do mercado futebolístico. Todavia, aqui farei uma analogia entre os mesmos. Como brasileiro e tricolor que sou, a analogia consiste no time tricolor e na economia brasileira. Não entrarei nas especificidades da economia brasileira, até porquê não sou um estudioso da mesma para assim dissertar.

Pois bem, após o jogo de hoje entre Fluminense x Vasco, no qual o Fluminense perdera por 3x1, me chamou atenção um fato curioso que relacionava o time do Fluminense e a economia brasileira. O ponto de convergência consistia num erro crucial, no qual os engenheiros com suas visões sistêmicas pouco erram, que seria um erro na base/de base.

Um erro básico tricolor consistiria em montar um time com "medalhões" do meio pra frente, como Fred, Deco e cia, porém abdicar da mesma preocupação com o sistema defensivo. E por sistema defensivo leia dos volantes aos zagueiros. Com essa discrepância entre ataque e defesa, até que ponto é vantajoso jogar atacando, expondo seu "calcanhar de Aquiles" do que jogar no contra-ataque, como fora campeão jogando ano passado?

A analogia da economia brasileira se faz pois o Brasil tem os mesmos erros básicos. Nesse caso, o erro consiste na precária infraestrutura brasileira, que não comporta o que potencialmente poderia se demandar dela. O Brasil cresce, mas com o seu crescimento econômico, a defasagem econômica-serviços públicos prestados também cresce. A analogia consiste na mesma pergunta, até que ponto é vantajoso assim continuar?

Reformas básicas são necessárias nos dois casos. No caso do Fluminense, um investimento melhor canalizado para volantes, laterais, zagueiros e goleiro. No caso brasileiro, investimentos na infraestrutura com objetivo de diminuição de custos e de melhores serviços públicos prestados. Não vale mais crescer com os calcanhares de fora. Que se conserte prontamente nossas falhas, queremos de fato crescer. Queremos crescer BEM.